domingo, 17 de outubro de 2010

Poema de agradecimento à corja



Obrigado, excelências.


Obrigado por nos destruírem o sonho e a oportunidade

de vivermos felizes e em paz.

Obrigado
pelo exemplo que se esforçam em nos dar

de como é possível viver sem vergonha, sem respeito e sem

dignidade.

Obrigado por nos roubarem. Por não nos perguntarem nada.

Por não nos darem explicações.

Obrigado por se orgulharem de nos tirar

as coisas por que lutámos e às quais temos direito.

Obrigado por nos tirarem até o sono. E a tranquilidade. E a alegria.

Obrigado pelo cinzentismo, pela depressão, pelo desespero.

Obrigado pela vossa mediocridade.

E obrigado por aquilo que podem e não querem fazer.

Obrigado por tudo o que não sabem e fingem saber.

Obrigado por transformarem o nosso coração numa sala de espera.

Obrigado por fazerem de cada um dos nossos dias

um dia menos interessante que o anterior.

Obrigado por nos exigirem mais do que podemos dar.

Obrigado por nos darem em troca quase nada.

Obrigado por não disfarçarem a cobiça, a corrupção, a indignidade.

Pelo chocante imerecimento da vossa comodidade

e da vossa felicidade adquirida a qualquer preço.

E pelo vosso vergonhoso descaramento.

Obrigado por nos ensinarem tudo o que nunca deveremos querer,

o que nunca deveremos fazer, o que nunca deveremos aceitar.

Obrigado por serem o que são.

Obrigado por serem como são.

Para que não sejamos também assim.

E para que possamos reconhecer facilmente

quem temos de rejeitar.
 
 
Com a devida vénia ao autor: Joaquim Pessoa
 



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1 comentário:

  1. ..e todos nós somos obrigados...até um dia! Obrigadinho pelo poema...

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